quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Todas as mudanças - Primeira parte

Normalmente, cumpro o prometido. E cá estou eu, começando a falar sobre a nossa mudança. E não falo simplesmente de uma mudança de casa. Não ! Falo de um estilo de vida, do bairro no qual nasci, me criei, nasceram minhas filhas e no qual elas vivem. Local onde estão meus pais, onde vivi com minha irmã amada, as casas onde passei bons e não tão bons momentos, enfim, todas as minhas referências de vida e de minhas meninas. E uma delas, como não poderia deixar de ser, está muito abalada. Claro. Isabella - Bé é uma menina cheia de vida, querida pelos amigos, professores, velhinhos, criancinhas, enfim, não tem quem não goste dela. E não é pq ela é minha filha, ela é assim. Só para exemplificar sua sensibilidade, conto um episódio que me marcou. Temos uma casa no interior, para a qual vamos com frequência. Em uma de nossas férias, meu marido teve que voltar ao trabalho por conta de uma emergência. Estávamos somente com um carro e nesses casos, faço uso de um senhor que passa o dia comigo, me levando ao supermercado, à padaria, às lojas, cabelereiro, pet shop, etc., o senhor Nivaldo. Uma bondade e humildade em pessoa, um amor. Isabella e eu gostamos muito, mas muito dele hoje, mas quando esse fato aconteceu, foi a primeira vez que o chamei. Estava um calor daqueles, o supermercado lotado, o carro do seu Nivaldo no sol, ele esperando pacientemente por nós duas, enlouquecidas dentro de praticamente um shopping center de comidinhas. Ao passarmos pelas geladeiras, Bé coloca uma garrafinha de água no carrinho. Isso é bem normal pra ela, que nunca tomou refri (é sério!), então não perguntei nada. Ao sairmos da loja, a garrafa na mão, vamos até o carro encontrar seu Nivaldo, acabado de tanto calor. Começo a colocar as compras no carro, com a ajuda dele, quando ela entrega a água para ele, que surpreso, não entende e não aceita. Ela, com sua simplicidade de criança, vira-se pra ele e diz: "é para o senhor, está muito quente, bebe". Seu Nivaldo, não acostumado a essas delicadezas da vida e das pessoas, se emociona. Olha pra mim, com aquele olhar de brasileiro cansado, que trabalhou muito e ganhou pouco, falando com os olhos aquilo que não conseguia colocar em palavras. Sabe aquele olhar que vc não esquece? Então, esse. Ao nos despedirmos, ele me dá a mão e diz que minha menina é de ouro e que eu cuidasse muito bem dela. O que eu não esqueço, mais uma vez, é o olhar... Perguntei para Isabella porque ela tinha feito aquilo. Ela deu de ombros e disse que tinha feito o que ela esperava que fizessem pra seu avô. Linda !

Tudo isso pra dizer que Bé tem sofrido muito com a mudança, demais. Deixar a escola que ela está desde os 2 anos, as amigas, professores, tudo, tem sido muito dolorido. Ela tem chorado muito e eu tenho deixado. Isso não é fácil pra mim e às vezes dou-lhe umas chamadinhas, que potencializadas na cabecinha da minha pré-adolescente, já viraram broncas homéricas !
Acho que hoje ela não consegue entender a mudança, mas tenho confiança que em um ou dois meses na escola nova, tudo será resolvido e a normalidade voltará pra minha pequena.

Não queremos que nossos filhos sofram, nunca. Mas não há crescimento sem dor.

Acho que minha menina está crescendo, muito...

P.S. I love you so much !!!

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