terça-feira, 20 de setembro de 2011

Uma doce lembrança portuguesa

Languidez
“Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes de Anto,

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar... “

Florbela Espanca, em "Livro de Mágoas"

Portugal é um capítulo à parte na minha vida. Não sei se era muito pequena quando para lá parti e tudo nessa idade é fantasia, ou se minha capacidade crítica ainda estava muito longe do esperado; o que sei é que uma nostalgia e um sentimento de paixão invadem meu coração quando ouço qualquer assunto ligado ao país. Emociono-me às lágrimas, minha garganta aperta.
Tudo o que vivi naquela terra me lembra alegria e contentamento. Uma sensação de aconchego. Os aromas invadem minhas narinas e a memória fica mais viva. Experimento um sentimento puro e doce de entorpecimento e me transporto para as doces paisagens da aldeia de Pedaçães, Mourisca do Vouga, Águeda, Aveiro, Portugal.
Não há um só dia que não me lembre de Portugal com ternura. Todas essas lembranças fazem meu peito doer, mas são uma dor de prazer. Das frutas silvestres colhidas pelo caminho sinto o gosto doce da aventura, dos pães amassados junto com minha querida avó Dulce, sinto a textura. Do meu avó, ouço a risada e o amor contido de um velho senhor português conservador. Uma parte da minha vida ficou naquele verão, passado ao lado de pessoas e lugares queridos. Os piqueniques à beira dos rios, o sabor da comida preparada com o alimento fruto da terra, plantada por eles e por eles colhida.
Nunca fui tão feliz e nunca senti tantas saudades de tão pouca vida. Ao meu Portugal, deixo minha homenagem de uma vida bem vivida. Amo esse país, assim como amo o meu próprio. Meu coração foi e será sempre dessa terra amada, apaixonante e linda.
P.S. Embarcando na aventura lusitana

Um comentário:

  1. Infelizmente não pude ir até lá... Mas os doces abraços dos meus avós são tão vivos na minha lembrança!!!! Aquele ar de bravo do meu avô que desmoronava quando ele me dava beijos... E da Vó Dulce então???? Tive a oportunidade de conviver mais com ela quando tinha meus 16/17 anos....como foi bom!!!!
    Vô e Vó, como eu amo vocês!!!!
    Brigada pela doce lembrança, Du....

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